quarta-feira, 29 de junho de 2011

Instituto Português do Sangue





A nova imagem do IPS centra-se na comunicação com o público/utentes, sendo uma instituição que actua de forma muito próxima das pessoas e que está mesmo muito dependente da colaboração destas, no acto de dar sangue. A marca pretende ser visualmente atractiva e transmitir dinâmica e sensações positivas. Este foi o carácter principalmente procurado no desenvolvimento da marca, embora a solução procure não descurar a sobriedade necessária à identidade de uma instituição médica, segura,
importante e de confiança. Pretendeu-se uma abordagem mais actual e dinâmica com possibilidades interessantes de aplicação a uma grande variedade de suportes. A re-orientação dos objectivos  e estratégia comunicativa da marca também foi um ponto principal.


A base de desenvolvimento da forma visual partiu de formas orgânicas, vendo o sangue como elemento vital, activo, vivo; um elemento universal de propriedades únicas, essencial e unificador.
Pretendeu-se uma re-adaptação da estratégia comunicativa usual das instituições desta área, que pegam frequentemente na imagem do sangue (gota), mas propondo uma nova forma visual e uma abordagem totalmente nova. Uma nova forma de ver o sangue, a sua partilha, e o instituto português do sangue.


As três formas que compõe a marca procuram transmitir fluidez, leveza e um carácter líquido, sendo amorfas. O desenvolvimento conceptual da marca tornou lógica a sua evolução  para uma marca mutável, capaz de assumir vários estados dentro de um mesmo ambiente, reforçando o seu carácter amorfo e volátil e a dinâmica da instituição.
É através do seu comportamento temporal e deste carácter mutável que a identidade da forma total e dos três elementos que a compõem se define. A identificação cromática que as diferencia estabelece a forma azul como representativa da abstinência de doação de sangue, a forma laranja como doação de sangue e a forma vermelha como recepção.


As relações entre os três elementos também se definem por movimento animado, contendo relações de dependência e independência específicas entre si. As formas abstinência e doação mutam-se em valores proporcionalmente opostos, enquanto a forma recepção foi definida por um valor estimativo (de alteração possível) correspondente a 70% da forma doação. A marca foi desenvolvida e codificada para poder tornar-se rigorosamente infográfica, sendo a dimensões das três formas definidas por estatísticas reais (de avaliação práctica ou estimativa) traduzidas por valores percentuais. O objectivo é que uma nova marca seja produzido a intervalos de tempo regulares, (frequência anual ou bienal) e aplicada à maior parte dos suportes.


Além da variação infográfica de escala, a composição dos estados da marca é determinada por uma animação de base. As formas movem-se num espaço comum em relações de dependência e individualidade específicas. As variações de posição das formas são conseguidas determinadas como estados específicos da animação geradora (frames), sendo seleccionadas 6 posições-chave do movimento global a partir das quais foram criadas as variações de escala. As possibilidades de conjugação das formas na animação são de ciclo finito.


As possibilidades de mutação da marca não se esgotam nas designadas neste manual.
O esquema estrutural da animação é adaptável a outras definições de movimentos, ritmos temporais ou duração de ciclo, permitindo a obtenção de outras opções de composição formal. As possibilidades apresentadas pretendem designar uma base para primeira aplicação da nova marca, deixando em aberto outras configurações.


Processo


O processo de trabalho passou por fases muito distintas e processos variados que foram sempre desenvolvidos em paralelo. A rápida evolução da marca para um desenvolvimento em animação digital nunca descurou a continuidade do processo de entendimento e composição de formas através do desenho/esboços, tal como a procura de uma solução que conseguisse ser o mais atractiva e cativante possível foi sempre acompanhada do desenvolvimento do conceito e da construção técnica das possibilidades da marca.
A definição de objectivos independentes para esta proposta e a procura de soluções novas também procurou não esquecer os contextos práticos de funcionamento e as necessidades da instituição real. Neste sentido, foi realizada uma visita ao IPS - Centro Regional do Porto, para tirar dúvidas e recolher algum material elucidativo.
Em relação às aplicações, foram anotadas em pequenos esboços pessoais e em pesquisa de imagens de referência algumas ideias aplicáveis à nova identidade do IPS. A decisão de execução das aplicações centrou-se na máxima exploração da marca e, muito especialmente, na criação de objectos que pudessem realmente tornar a difusão e sistemas informativos do IPS mais optimizada, atractiva e funcional. Existindo na marca um grande potencial (definido na sua própria criação), para aplicação das várias mutações do logo e criação de material audiovisual, estes foram o tipo de aplicações previstas que acabou por não ser produzido, sendo decidido, em termos de gestão de tempo e recursos, executar aplicações que pudessem certificar o comportamento da marca em contextos mais estáticos e num nível mais vasto de comunicação. (a animação e os cartazes desenvolvidos neste sentido serão produzidos a nível pessoal)


Os objectivos para a nova identidade do IPS parecem ter sido cumpridos, concluindo a criação de uma marca que foi também um processo sempre experimental e de descoberta. O balanço é positivo, com muito valor em termos de aprendizagem na área da identidade corporativa, não só a nível do domínio de todos os requisitos de codificação e suportes oficiais, mas também como exercício experimental de aplicação vasta, multidisciplinar e dinâmica daquilo que pode ser uma marca.